“Maternidade e Trabalho na Contemporaneidade” foram os temas abordados na palestra da socióloga e pesquisadora Moema Guedes, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), promovida pela Real Grandeza, em parceria com a Eletros, no dia 14 de maio, em homenagem ao Dia das Mães.
O evento faz parte do conjunto de ações promovidas por entidades como a Real Grandeza e a Eletros, voltadas para o Programa Pró-Equidade de Gênero e Raça da Secretaria de Política para Mulheres (SPM).
O Diretor-Presidente da Real Grandeza, Aristides Leite França, e a Diretora-Ouvidora, Tania Vera Vicente, abriram o evento felicitando a iniciativa e agradecendo a presença dos integrantes do Fórum de Equidade e Diversidade dos Fundos de Pensão. Segundo Tania Vera, os fundos de pensão precisam otimizar os eventos e construir um espaço de discussão homogêneo, principalmente sobre as ações voltadas para a questão da equidade de gênero e raça.
De acordo com Moema Guedes, o debate sobre a maternidade e o trabalho pode ser dividido em três níveis: Estado (legislação e políticas sociais); Empresas (programas específicos) e Casais (divisão de tarefas). Em relação à legislação brasileira, segundo a socióloga, as políticas públicas ainda são insuficientes para atender a demanda da população. O Estado ainda tem leis tímidas em relacão à licença-maternidade (seis meses) e licença- paternidade (cinco dias).
Para a socióloga, no nível das empresas as políticas afirmativas ainda são incipientes e não incluem no processo os homens, ficando restritas à articulação da maternidade e trabalho. E no último nível, casais, há uma progressão desigual nas carreiras.
Para conhecer mais o trabalho da socióloga, leia também a matéria "Igualdade de Oportunidade: a Distância entre Proposições e Ações", escrita por ela e Clara Araújo, à revista do Observatório Brasil da Igualdade de Gênero.
A socióloga apresentou também aspectos importantes da participação feminina recente no mercado de trabalho no Brasil, com destaque para os indicadores de fecundidade, o envelhecimento populacional e a dinâmica demográfica brasileira.
A fecundidade é um tema que merece destaque, segundo ela, pois o Brasil viveu muito tempo atemorizado pelo “fantasma” da explosão demográfica e hoje vive o problema reverso, com a diminuição do crescimento populacional, à medida que a presença da mulher aumenta no mercado de trabalho.
“A partir do momento em que o trabalho torna-se um vetor público importante, a mulher opta por ter menos filho. Além disso, o aumento da escolaridade faz com que a mulher adie o sonho da maternidade e isso mostra um descompasso entre o tempo biológico e o tempo social”, afirmou Moema Guedes.
No campo das desigualdades de gênero, ela destacou a dupla jornada de trabalho, que faz com que as mulheres não concorram em iguais condições, e a condição que muitos ainda consideram como “natural” de que as mulheres seriam as cuidadoras, enquanto o papel de “provedores” ficaria reservado para os homens.
A atração final do evento ficou por conta do Grupo de teatro Real em Cena – formado por filiados e empregados da Real Grandeza, Furnas e Caefe – com a apresentação da peça “Com a palavra, as mulheres”. O espetáculo conta a história de cinco mulheres que frequentam um grupo de ajuda para tratar de questões do dia a dia, como vida pessoal, dupla jornada de trabalho e violência doméstica. Com direção de Édio Nunes, também autor do texto, junto com a colaboradora Raquel Castelpoggi, a peça tem no elenco Fátima Caruso, Walter Chavarry, Carlos Pereira, Sônia Borba, Daniel Nogueira, Fátima Areias, Joel Ribeiro e os atores convidados Andrea Rangel e Gisele Lopes.
(16/05/2012)
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