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Resultado do primeiro semestre reflete a instabilidade dos mercados

No primeiro semestre de 2022, o desempenho dos investimentos dos Planos BD e CD continuou sofrendo os efeitos da instabilidade dos mercados financeiros, decorrente, principalmente, da escalada da inflação e dos juros, além da questão fiscal no Brasil.

Nesse período, a rentabilidade das carteiras dos Planos BD e CD, alcançaram 5,52% e 1,96%, respectivamente, refletindo movimento verificado em todo o segmento, conforme apontado pelo levantamento da Consultoria Aditus, que mede mensalmente o desempenho de 120 entidades, com R$ 307 bilhões em ativos sob gestão, indicando uma rentabilidade média da indústria positiva em 4,41% no primeiro semestre.

A diferente composição das carteiras dos Planos BD e CD, por sua vez, explica a diferença de rentabilidade obtida pelos dois planos no período. No Plano BD, grande parte dos ativos de renda fixa – a maioria títulos públicos federais - está precificada até o vencimento (marcação na “curva”), o que protege a carteira da volatilidade. O mesmo já não ocorre com os planos do tipo CD, cuja metodologia de precificação só admite a marcação a mercado, mais sujeita, portanto, a oscilações. Além disso, o Plano CD, por ser mais recente e ter a maioria dos participantes ainda em fase de acumulação, tem um percentual maior investido em bolsa, fato que, em momentos de instabilidade, pode impactar a performance de curto prazo da carteira.

Cabe destacar que os ativos da FRG estão alocados tanto em fundos registrados na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) como em carteira própria, como por exemplo os ETFs (Exchange Traded Funds) do Ibovespa, principalmente por restrições de regulamento. Deste modo, como as metodologias de apuração consideram ativos diferentes, pode haver diferença entre as rentabilidades dos fundos exclusivos registrados na CVM e a rentabilidade real das carteiras dos planos administrados.

No universo pesquisado pela Aditus, o semestre foi marcado por uma acentuada desvalorização dos ativos que os fundos de pensão mantêm em suas carteiras, tais como: Renda Variável Ativa (-8,8%); Renda Variável Passiva (-5,5%); Fundos de Investimentos Imobiliários (-5,6%); Fundos de Investimentos em Participações (-7,2%); Renda Variável no exterior (-26,2%); Renda Fixa no exterior (-7,9%). A única classe de ativos tradicionais das carteiras dos fundos de pensão que se destacou foi a de títulos públicos, na faixa dos 5,5%, ainda assim insuficientes para alcance das metas dos planos, puxadas pela grande elevação da inflação.

Contudo, observando o desempenho em período mais longo, foco dos fundos de pensão, os ganhos obtidos pelos planos BD e CD, desde 2016 (benchmark Aditus), foram superiores à média de mercado: o Plano BD obteve rentabilidade acumulada de 121%, contra uma média de mercado de 91%; já para o Plano CD, o resultado foi de 107%, contra a média de 76% dos planos da mesma modalidade.

“Temos entregado aos nossos participantes resultados extremamente positivos, superiores às médias de mercado, porém, desde 2020, o desempenho vem sendo fortemente impactado pela alta da inflação, especialmente aquela medida pelo IGP-DI, indexador do Plano CD, que chegou a alcançar os 17,7% ao fim de 2021, comprometendo o alcance da meta de investimentos do plano”, esclarece Sérgio Wilson Fontes, presidente da Real Grandeza.

Por meio da realização de webinares regulares – o próximo será realizado em agosto, a fim de apresentar os resultados do semestre – a Real Grandeza vem posicionando a todos acerca do cenário atual e das perspectivas futuras dos planos administrados.

Para corrigir as distorções decorrentes da utilização do IGP-DI como indexador do Plano CD, por exemplo, a Fundação vem percorrendo todos os trâmites para substituição do referido índice pelo IPCA, cuja composição reflete de maneira mais adequada a cesta de consumo dos trabalhadores e aposentados, seguindo movimento feito pela maioria dos fundos de pensão que ainda tinham esse indexador em seus planos. Já aprovada nas instâncias internas, a alteração regulamentar será enviada para análise da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc), em agosto.

Em outra frente, a Real Grandeza vem mantendo a sua visão de longo prazo, característica dos investimentos previdenciários, e a busca pela diversificação, a fim de aprimorar a sua carteira estratégica. Já iniciou o processo de seleção de gestores externos para aplicar recursos no exterior e em fundos multimercado, por exemplo, em linha com as Políticas de Investimentos aprovadas para o período 2022 a 2026, e com as indicações do estudo de ALM (Asset Liability Management) que, diante dos compromissos presentes e futuros de pagamento de benefícios, frente aos ativos atuais em carteira, busca o melhor equilíbrio entre retorno e risco para as carteiras dos planos administrados.

A Real Grandeza segue atenta tanto a oportunidades geradas pela crise – adquirindo títulos públicos federais com prêmios superiores a suas metas, por exemplo –, quanto a potenciais consequências negativas da instabilidade dos mercados. A forma como esse cenário vai evoluir influenciará na tomada de decisão de investimentos, sempre com a visão de longo prazo e foco na proteção do patrimônio dos participantes.

(21/07/2022)