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ENFRENTAMENTO AO RACISMO

 

 

A Real Grandeza e a Eletros promoveram, no dia 6 de julho, a palestra "Enfrentamento ao Racismo", com o professor, mestre em Comunicação, e assessor especial da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Edson Lopes Cardoso. O evento faz parte do conjunto de ações voltadas para o Programa Pró-Equidade de Gênero e Raça, da Secretaria de Política para Mulheres (SPM).

Na véspera, os membros do Comitê Pró-equidade e da Comissão de Ética da Real Grandeza e da Eletros participaram de uma Oficina sobre racismo, também ministrada pelo professor Edson Lopes. Na Oficina, realizada das 9 às 17 horas, no auditório da Real Grandeza, os participantes trabalharam seus conhecimentos sobre os fatores que determinam a permanência do conceito de raça, o papel do racismo na estruturação das desigualdades brasileiras e as políticas, programas e legislação que visam sua superação.

O diretor-presidente da Real Grandeza, Aristides Leite França, deu início à palestra do dia 6, "Enfrentamento ao Racismo", ressaltando a importância do tema: “Infelizmente, o ser humano ainda precisa de políticas para aprender a se relacionar com as diferenças” – disse o diretor-presidente da Real Grandeza.

Apesar de reconhecer que ainda há um longo caminho a percorrer no combate ao racismo, o palestrante Edson Lopes Cardoso se mostrou otimista com os vários indicadores de mudança que tem visto na sociedade. Citou, como exemplo, instituições, como a Real Grandeza, a Eletros e a Eletronuclear, presentes naquele evento, que se abrem para esse debate.

O assessor especial da Seppir exibiu para os participantes um comercial institucional, produzido pela Petrobras e veiculado na televisão este ano, que mostra a diversidade de uma sociedade homogeneizada e anulada por uma máscara. Na peça publicitária, várias pessoas diferentes vão chegando para trabalhar, mas antes passam por um vestiário onde pegam em seus armários máscaras que reproduzem um mesmo rosto, um personagem masculino, jovem e branco.

Edson Cardoso ressaltou que manifestações de intolerância estão presentes não apenas no plano físico, mas também no plano das idéias, crenças e opiniões, como mostrou o filme apresentado que retratava um mercado de trabalho que exige adaptações no físico e na personalidade das pessoas para desempenhar certas funções.

Segundo Edson Cardoso, muitos ainda pensam com o raciocínio do chamado “determinismo biológico” do século XIX, que sem qualquer base afirmava ser o corpo a fonte de toda a desigualdade. “Isso é a ideologia da exclusão onde impera o racismo e o sexismo” – afirmou o professor.   “As diferenças são ilusórias. A pele é uma só, que ao longo de milhares de anos se adapta para garantir a existência do ser humano em diferentes regiões. Sobrevivemos como espécie e continuaremos a sobreviver exatamente por nossa enorme capacidade de adaptação, fruto dessa diversidade que somos” - concluiu.

O professor lembrou que, no século XIX, muitos tentaram criar definições como se tivessem bases científicas, para tentar criar uma classificação, como se fosse possível existir uma relação de hierarquia ou de superioridade, em função dos tipos físicos e que, lamentavelmente, mantêm-se cristalizadas no senso comum. “É difícil alterar algo que vem junto com as percepções imediatas e que se sustentam em interesses e privilégios muito confortáveis para alguns” - observou.

“A ciência nega a existência de raças. Nós, humanos, somos formados por milhares de outros cruzamentos com diferentes tipos ancestrais. Diferenças raciais seriam apenas marcas de superfície. Sob a aparência de distintos traços fenotípicos – conjunto de caracteres anatômicos – , somos todos humanos”, lembra o assessor especial da Seppir.

No entanto, ele lembra que, apesar da ausência de raças ser um conteúdo já antigo para a ciência, ainda é novo para a escola, que muitas vezes não passa esse tipo de informação tão importante para o convívio da humanidade. Durante a palestra, Edson Lopes Cardoso mostrou um livro didático, do 7º ano, onde o estudo do corpo humano aparece apenas no último capítulo e não oferece reflexões raciais como propostas de exercícios. E criticou: “O corpo humano só é dado no 7º ano e deveria ser trabalhado no início da educação infantil para que a criança não passasse a vida escolar sofrendo os preconceitos frutos do desconhecimento. Devemos produzir desde cedo um novo tipo de visão do ser humano. Mas para que certos conteúdos entrem na educação escolar é preciso que se alterem as relações de poder que decidem o que é ensinado na escola”.

Na esfera econômica, o professor lembrou que o Brasil é a 6ª maior economia do mundo, mas poderia aproveitar melhor essa posição caso não se descuidasse tanto de seu “capital humano”, perdido pelo sexismo e pelo racismo em nosso país. Utilizando a expressão “atrofia da vida” definiu o que acontece com pessoas tocadas por ideologias redutoras: “Pessoas que sofrem preconceito ou que se sentem menores, acabam tendo visões reduzidas da vida e, conseqüentemente, vidas reduzidas também”.

Segundo Edson Cardoso, o Banco Mundial tem estudos que mostram elevados impactos causados por essa “atrofia da vida” sobre o PIB dos países. “É estratégico romper os obstáculos que impedem as pessoas de desenvolver suas aptidões. Para isso, devemos impulsionar processos, estimular possibilidades e viabilizar sonhos maiores para qualquer cidadão.”– analisa o assessor especial da Seppir, lembrando que a educação, a família e os meios de comunicação são fundamentais para essa mudança.

 


 

(10/07/2012)
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