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BNDES e fundações vão analisar critério sustentável de empresa

O presidente da Real Grandeza, Sérgio Wilson Ferraz Fontes, participou da reunião, na sede do BNDES, no dia 17 de dezembro, junto com o presidente da Petros, Daniel Lima, a diretora de Investimento do BNDES, Eliane Lustosa, e do diretor de Participações da Previ, Renato Proença (Foto de André Telles - Divulgação BNDES)

Confira matéria publicada no jornal Valor Econômico, na edição de  20 de dezembro de 2018 (Editoria Finanças, página C10), sobre a união da Real Grandeza, BNDESPar e principais fundos de pensão para analisar os critérios socioambientais e de governança adotados pelas empresas em que investem.

A BNDESPar, sociedade de participações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e quatro dos principais fundos de pensão do Brasil - Previ (Banco do Brasil), Petros (Petrobras), Valia (Vale) e Real Grandeza (Furnas) - se uniram para analisar os critérios socioambientais e de governança adotados pelas empresas em que investem. A ideia é que as companhias expliquem suas ações em um questionário formulado pelas instituições.

Segundo a diretora de investimento do BNDES, Eliane Lustosa, inicialmente será feito um diagnóstico da situação. Em um momento posterior, essas informações poderão embasar critérios de seleção de investimento e venda de participações. No entendimento dos dirigentes das fundações, a medida pode ajudar as companhias a reduzirem riscos potenciais e a  a criarem valor, em uma iniciativa de longo prazo.

"O mais importante é trabalharmos juntos buscando incentivar as empresas investidas a se preocuparem com as questões sociais, ambientais e de governança. É o início de uma atuação coordenada entre os principais investidores institucionais", afirmou a diretora.

O foco do trabalho serão as companhias abertas. A estimativa é que possam ser alcançadas praticamente todas as empresas que fazem parte do índice IBR-X. E no futuro essa base poderá ser ampliada para títulos de renda fixa e sociedades fechadas. O termo de compromisso foi assinado pelas cinco instituições na última segunda-feira no Rio. Juntos, o BNDES e as quatro fundações reúnem um patrimônio de R$ 410 bilhões.

De acordo com o diretor de participações da Previ, Renato Proença, o objetivo do grupo é funcionar como um indutor na área de sustentabilidade para outros participantes do mercado. As empresas precisam começar a olhar para estes critérios de maneira menos formalista e compreender de fato a sua importância, destacou. "O recado mais claro às corporações é: se preocupem, pratiquem e não olhem os temas socioambientais só para produzir informes, mas para que eles entrem de fato na cultura das companhias", disse. Outros interessados no assunto também poderão integrar o grupo, não só fundações, completou.

O tema de alguma forma já passa pelas cinco instituições. Petros, Previ, Valia e Real Grandeza são signatárias da iniciativa internacional batizada de Princípios para o Investimento Responsável (PRI) e também possuem políticas internas de sustentabilidade, assim como o BNDES. Além disso, a resolução 4.661 do Conselho Monetário Nacional (CMN), que foi editada este ano, passou a prever que os fundos de pensão devem considerar, na análise de riscos, "sempre que possível", os aspectos referentes à sustentabilidade econômica, ambiental, social e de governança dos investimentos.

O que as instituições querem com o projeto é avançar além do que os relatórios hoje investigam. "O objetivo é entender a atuação das companhias de maneira organizada e comparável", explica a diretora do BNDES. Será investigado como as companhias atuam em questões como diversidade de gênero, práticas ambientais, monitoramento de emissões de gases de efeito estufa, por exemplo.

"Em um segundo momento, vamos discutir com os pares da indústria o plano para cada empresa em uma análise conjunta mais completa", explicou o presidente da Petros, Daniel Lima. Segundo ele, o questionário inicia o processo e o acompanhamento vai gerar um retorno para as empresas. "O processo não só nos beneficia como investidores, mas as próprias empresas, que devem aprimorar suas práticas", completou.

A iniciativa, segundo o diretor de investimentos da Valia, Maurício Wanderley, pode gerar oportunidades para as empresas criarem valor. "Pode haver iniciativas que as empresas estão fazendo e não estamos enxergando, então elas passam a comunicar isso de forma direta, o que pode mudar totalmente a precificação e a visão dela do mercado", afirmou.

O objetivo final do trabalho das fundações é apresentar o resultado dos investimentos para o participante, que está interessado em retorno com baixo risco, lembra o presidente da Fundação Real Grandeza, Sérgio Wilson Fontes. "Já sabemos que empresas que adotam práticas sustentáveis têm retorno muito maior. É uma evolução na geração de valor, não só o risco de imagem", disse.

Em 2015, a Vale, que tem fundos de pensão entre seus principais acionistas, esteve envolvida em um dos maiores desastres ambientais da mineração brasileira: o rompimento da barragem da Samarco, controlada pela empresa brasileira e pela BHP, em Mariana (MG). "É um equívoco falar de caso A ou caso B. Este é um tema que de fato gera valor para as companhias. O recado é: queremos que as companhias se preocupem. Vamos cada vez mais valorizar isso e as empresas terão de olhar para isso também", disse Proença, da Previ. E as fundações vão cobrar uma conscientização das companhias, completou Lima, da Petros.

Clique aqui para visualizar a matéria publicada no jornal Valor Econômico

20/12/2018)