O presidente da Real Grandeza, Sergio Wilson Ferraz Fontes, foi um dos destaques da edição 181 do informativo “O Elo”, da Após Furnas. Sustentabilidade do plano de saúde, compromisso com a qualidade de atendimento e reforma do Estatuto foram os destaques da entrevista, reproduzida na íntegra, a seguir.
O Elo, edição 181, Set/Out de 2017.
FUNDAÇÃO BUSCA A PERENIDADE DO PLAMES
Há muitos anos que o plano de saúde tem sido motivo de preocupação para os aposentados e pensionistas. A inflação dos custos médicos está sempre bem acima da inflação oficial, que regula a correção das aposentadorias e complementações, o que levou uma grande massa de assistidos a deixar o PLAMES – mesmo tendo um dos custos mais baixos do mercado – por absoluta impossibilidade de pagamento.
Essa inflação é causada em parte pela evolução dos métodos de diagnóstico, cujos custos são altos, mas que têm ajudado a melhorar a qualidade da avaliação médica. São caros, mas salvam vidas. Outra fonte do aumento de custos tem a ver com a hotelaria dos hospitais, que estão fechando as enfermarias e oferecendo somente quartos individuais. Assim, o participante do Plano Básico do PLAMES paga hoje em dia um plano de enfermaria, mas em caso de internação vai para um quarto particular. É confortável? Claro que é, mas não existe almoço grátis: quem paga esse conforto é o plano de saúde, que precisa aumentar ainda mais a sua contribuição.
Os planos executivos, suportados em 90% pelas patrocinadoras para seus empregados da ativa, têm subsidiado largamente o Plano Básico e até mesmo uma parte do Especial. Mas o desequilíbrio entre receitas e despesas desses planos é uma bomba-relógio: como Furnas (e toda Eletrobras) está reduzindo seus quadros, a quantidade de recursos para o subsídio vai ser cada vez menor. Quem vai pagar essas despesas? O próprio participante. Não há outra fonte de recursos.
A APÓS-FURNAS procurou o Diretor-Presidente da Fundação Real Grandeza, Sérgio Wilson Fontes, para saber quais as estratégias da instituição para aumentar esses recursos. O caminho será aumentar o número de participantes, especialmente os mais jovens, que utilizam menos o plano.
Desde setembro, a Fundação ampliou o espectro de pessoas que podem ser agregadas aos planos do PLAMES. Além dos filhos, netos e enteados (filhos do cônjuge atual), passam a poder integrar o grupo participante os netos desse cônjuge atual e os bisnetos do titular. Os descendentes devem ter cobertura assistencial da patrocinadora, porém com a restrição de idade, que era de 21 anos (24, em caso de universitários). Os novos agregados podem entrar com qualquer idade.
Além disso, passou a ser possível o reingresso de quem deixou o PLAMES por vontade própria – desde que cumpridas as carências necessárias –, com todo o grupo familiar descrito acima.
Uma medida pouco compreendida foi a determinação que os agregados participem do mesmo plano do titular, ou modalidade inferior – nunca superior. Trazer agregados para os planos superiores não aumentaria a solidez econômica do PLAMES?
“O déficit está no Plano Básico e no Especial”, explica Sérgio Wilson, “então é ali que precisamos de receita. O atual nível de subsídio cruzado não resiste a médio prazo. E o subsídio sempre é uma pessoa pagar parte da despesa de outra.”
Sérgio Wilson explica que o PLAMES tem apenas quatro planos – Básico, Especial, Executivo e Executivo Plus – enquanto outras operadoras chegam a ter 80 planos, com coberturas diferentes. Essa complexidade tem por objetivo gerir os planos sem transferir recursos de um para o outro (ainda que isso seja feito na prática, para manter o equilíbrio financeiro da operadora). Cada plano tem que ser viável individualmente, e por isso têm preços e índices de reajustes diferentes.
“Nossa prioridade é a gestão”, diz Sérgio Wilson, “precisamos ser mais eficientes naquilo que temos controle, porque há fatores sobre os quais não temos nenhuma ingerência. Para se ter uma ideia, 35% dos participantes dos planos da FRG gastam 70% dos recursos. Não há como intervir nisso.”
A visão da Fundação é a de que o participante tem que ser um fiscal intransigente do uso do PLAMES, para que não haja procedimentos duplicados, cobranças por serviços inexistentes e outros usos inadequados que esvaem os recursos do plano sem necessidade, nem benefício para o paciente. Cada vez que o usuário assina uma guia em branco, é como se assinasse um cheque em branco: ninguém sabe quanto vai ser cobrado mais adiante, mas quem vai pagar é o próprio participante.
ATENDIMENTO
“Mas nossa preocupação não é apenas o custo”, afirma o Presidente da FRG. “O atendimento também é prioridade. É inadmissível que se atenda mal o usuário, que paga, que sustenta este serviço. Por isso estamos fazendo um trabalho de incentivo ao bom atendimento. Por exemplo, quando recebemos um elogio sobre algum colaborador, esse elogio vai ser transmitido publicamente, junto a todo o grupo de colegas. Quando recebemos uma crítica, isso vai ser tratado individualmente entre a chefia e o empregado, com discrição.”
Sérgio Wilson diz que há atividades que exigem um certo perfil, e que haverá movimentação dentro do quadro de pessoal para adequar o perfil do empregado ao serviço que ele executa.
No geral, entretanto, o nível de satisfação dos usuários está bom. Uma pesquisa realizada especificamente sobre o convênio com a Unimed mostrou um índice de satisfação de 77%. Outra pesquisa mais ampla, levando em conta todos os serviços da Fundação, a satisfação ficou em 76%. Quando segregados por grupos de usuários, as pensionistas se mostraram as mais satisfeitas, seguidas dos aposentados – ambos os grupos com índices de satisfação acima de 80%. Mas a Fundação ainda quer melhorar.
“Assim que a Fundação assumiu integralmente o Plano de Saúde das patrocinadoras, houve um período de instabilidade, descredenciamento de prestadores, que atendiam a Furnas – uma empresa conhecida nacionalmente, uma das maiores do país – e passaram para uma não tão conhecida nacionalmente fundação de previdência”, lembra ele. “Também herdamos tarefas que não estavam previstas e uma despesa de PIS/Cofins que estamos tentando equacionar. Tudo isso levou muitos meses para entrar nos eixos. Em maio de 2015, um reembolso levava em média 76 dias úteis para ser pago. Hoje, estamos conseguindo realizar em 13 dias úteis.”
Atendendo a uma questão específica de alguns associados da APÓS-FURNAS sobre o uso de ambulâncias, que tem sido negado em alguns casos e autorizado pelo PLAMES em outros, Sérgio Wilson esclarece a regra: “Não temos atendimento de ambulância em domicílio há mais de 10 anos”. Ele explica que isso tem um custo que pesa sobre as mensalidades do plano de saúde. “Já a remoção, realizada de hospital para hospital ou outra unidade de saúde, sim, está coberta. Mas estamos estudando a viabilidade desse serviço domiciliar.”
ESTATUTO
A abertura da Fundação para novos participantes, com a criação de um plano CD puro multi-instituído, poderá oxigenar não apenas a área previdenciária como dos planos de saúde. Para a gestão dos Planos de Saúde é fundamental criar-se a Diretoria de Saúde focada neste segmento.
Para isso, foi projetada a transformação na estrutura da Diretoria Executiva: a atual Diretoria de Ouvidoria passaria ser Diretoria de Previdência, e a Diretoria de Seguridade passaria a ser Diretoria de Saúde. “Seriam duas áreas de negócios distintas”, observa Sérgio Wilson, “com finalidades específicas, orçamentos próprios e metas a atender.”
Com mais gente entrando nos planos previdenciários e de saúde, mantendo uma gestão adequada de ambos, a Fundação Real Grandeza será mais sólida e perene. Entretanto, para dar passos tão largos, será necessário alterar o Estatuto da Fundação Real Grandeza.
“Uma proposta de reforma estatutária está sendo analisada pelo Conselho Deliberativo desde abril, e, após sua aprovação, ainda haverá outras instâncias, nas patrocinadoras, no SEST, na PREVIC – um processo que pode levar anos. Mas precisamos dar o primeiro passo”, finaliza ele.
Clique aqui para conferir a edição 181 do Jornal O Elo, que também destacou a posse dos novos Conselheiros e Diretores da Real Grandeza.
(27/12/2017)