Inflação é a variável que mais preocupa o mercado
A inflação passou a ser a variável de maior preocupação para o cenário global. Se no primeiro semestre do ano existia um consenso entre os economistas de que a inflação era transitória e decorrente de um choque de oferta, a partir do segundo semestre, gradativamente, cresce o número de agentes de mercado atribuindo um caráter mais permanente ao fenômeno inflacionário. O empenho dos governos em adotar medidas de estímulos monetários e fiscais foi amplo e em nível historicamente elevado tanto em países avançados quanto nos emergentes e o impacto de um ambiente de liquidez abundante nos preços dos ativos não pôde mais ser ignorado, começando a ser entendido como um fator gerador relevante de um choque também de demanda - e não apenas de oferta como se supôs inicialmente. Após um longo período sem (expectativa de) inflação global, os bancos centrais (principalmente de países emergentes) começam a refletir sobre como se dará um ciclo monetário restritivo para conter o aumento dos preços.
Na Real Grandeza, temos discutido as possíveis derivadas desse fenômeno e a difícil decisão nas mãos dos Bancos Centrais. Se as subidas de juros nos países desenvolvidos forem muito fortes, os ativos de risco podem não tardar a sofrer de forma significativa. Porém, se a subida for lenta e gradual, ela pode não ser suficiente para conter a inflação que, corroendo o poder de compra das famílias, mesmo que de forma mais lenta, podem iniciar um movimento de redução da atividade e, consequentemente, do valor dos ativos de risco. Dessa forma, o cenário que não traria desafios no curto ou médio prazos para esse tipo de ativos seria um arrefecimento espontâneo da inflação ou um ajuste preciso dos Bancos Centrais encontrando um meio termo que impacte a inflação da forma desejada. Assim, está em nosso radar e não podemos desprezar as probabilidades de um cenário mais difícil de curto-médio prazo para esse tipo de ativo que, tendo o longo prazo como horizonte, exerce papel relevante na carteira de investimento das Fundações para superação das metas atuariais.
Na gestão de investimentos, o binômio retorno e risco deve estar sempre presente na discussão e, na alocação dos recursos, a diversificação tem papel chave, sobretudo no caso dos investidores de longo prazo como a Real Grandeza. A alocação em renda variável brasileira segue com relação retorno-risco interessante, mas, dado tudo o que foi comentado e a crescente atratividade das NTNB´s, tem sido alvo de grande discussão interna e já iniciamos um movimento de aumento de participação nessa classe de ativos, que pode seguir ao longo de 2022. Além disso, com a aprovação do novo manual de seleção de fundos/gestoras terceirizadas, conseguiremos promover uma maior diversificação dos investimentos, tão desejada e necessária.
Nesse contexto, tivemos uma rentabilidade no ano de 2,81% e -5,17% nos Planos BD e CD respectivamente, abaixo das metas atuariais, devido, principalmente, a um cenário desafiador de inflação, especialmente do IGP-DI, que é o indexador da meta do Plano CD.
Prospectivamente, a Diretoria de Investimentos mantém a visão de longo prazo e a busca pela diversificação e por perseguir a carteira estratégica. Adicionalmente, seguimos cautelosos e atentos a potenciais consequências negativas da alta generalizada da inflação no Brasil e no mundo e a possíveis turbulências eleitorais em 2022. Esses fatores já estão atualmente - em maior ou menor escala - influenciando no preço dos ativos relacionados ao mercado brasileiro e mundial e não devem cessar. A forma como esses fatores e os preços dos ativos vão evoluir deve influenciar nas nossas tomadas de decisão ao longo de 2022 de modo a buscar o melhor equilíbrio de retorno e risco para os planos administrados pela Real Grandeza.