Nesta edição, o Boletim de Gestão dos Investimentos da Real Grandeza traz uma análise acerca dos impactos causados por eventos nacionais e internacionais na conjuntura econômica e seus reflexos nas estratégias de investimento adotadas no primeiro semestre de 2025, fundamentadas nesse cenário. A boa notícia é que, apesar do ambiente instável, todos os planos previdenciários da Fundação superaram suas respectivas metas de rentabilidade no período.
A política tarifária do governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, implementada sob a justificativa de redução de déficits comerciais com diversos países, inclusive o Brasil; o acirramento da cruzada anti-imigração; a desregulamentação financeira e a redução dos gastos públicos nos EUA tornaram o ambiente econômico global complexo, trazendo forte volatilidade no período.
Inicialmente, os mercados reagiram com certo otimismo, acreditando que as medidas tarifárias seriam direcionadas e pontuais, como ocorreu no primeiro mandato do presidente norte-americano. No entanto, com o avanço do trimestre, ficou claro que as tarifas seriam mais amplas e agressivas, o que levou a uma deterioração nas expectativas econômicas globais e ao temor de um cenário de estagflação (baixo crescimento econômico e elevada inflação) nos Estados Unidos.
O ponto mais crítico ocorreu em abril, com o anúncio do chamado “Liberation Day”, no qual o governo americano impôs tarifas globais a países que, segundo sua avaliação, não mantinham relações comerciais justas com os Estados Unidos. A reação dos mercados foi imediata, com o S&P 500 (principal índice da Bolsa de Valores dos EUA) caindo cerca de 12%, entre os dias 3 e 8 de abril. No Brasil, o dólar ultrapassou a marca de R$ 6,00, enquanto o Ibovespa registrou perdas de aproximadamente 10%. A suspensão temporária das tarifas por parte do governo norte-americano, anunciada em 9 de abril, trouxe algum alívio, mas revelou a vulnerabilidade do comércio internacional e adicionou novas incertezas ao ambiente econômico.
Apesar do primeiro impacto das tarifas, o posterior recuo de Trump, postergando reiteradamente a aplicação das medidas, permitiu uma recuperação nos preços dos ativos ao longo do último trimestre, beneficiando, principalmente, outros países, que não os Estados Unidos, com destaque para os chamados mercados emergentes, dentre eles, o Brasil.
O Federal Reserve (Banco Central dos Estados Unidos) manteve o discurso firme quanto à necessidade de controlar a inflação, mesmo com sinais de desaceleração na atividade. A percepção predominante é de que os riscos inflacionários se intensificaram com o avanço do protecionismo, o que reforça a perspectiva de manutenção de juros mais elevados por um período prolongado.
No Brasil, apesar das turbulências externas, o cenário interno teve um desempenho relativamente positivo ao longo do semestre. O real se valorizou frente ao dólar e o Ibovespa apresentou recuperação expressiva, impulsionado pela percepção de que o país poderia se beneficiar pela nova dinâmica de precificação global, do bom desempenho das exportações de commodities, ainda em níveis favoráveis, e pela ausência de novas surpresas negativas na área fiscal. No entanto, os desafios continuam relevantes. A dívida pública segue em trajetória ascendente e ainda há muitas dúvidas acerca da questão fiscal.
O Banco Central do Brasil (BCB) manteve uma postura cautelosa e elevou a Selic ao longo do semestre. A taxa básica de juros iniciou o ano em 12,25%, após duas altas de 100 pontos-base no primeiro trimestre. O Comitê de Política Monetária promoveu mais duas elevações no segundo trimestre, levando a taxa para 15% ao ano. O BCB encerrou o ciclo de aperto monetário, mas indicou que o atual nível de juros deverá ser mantido por um período prolongado, com eventual redução caso haja melhora consistente na inflação corrente e nas expectativas futuras.
Data da posição: 30/06/2025
-
Apesar da alta volatilidade, tanto no Brasil, quanto no mundo, a Real Grandeza conseguiu obter uma performance muito positiva no período. Todos os Planos estão superando suas metas no ano. Abaixo, segue um panorama preciso do mercado, em junho e no primeiro semestre de 2025.
Conforme mostra o gráfico acima, os ativos brasileiros tiveram um excelente desempenho no período. Os fundos da Real Grandeza se beneficiaram desse cenário, com retornos superiores aos benchmarks (índices de referência de mercado) em quase todas as classes de ativos. Embora a exposição cambial tenha gerado retorno negativo, com o dólar desvalorizando 10%, essa posição é relevante na composição da carteira, como proteção em momentos adversos para os ativos locais, como ficou demonstrado em 2024.
Apesar da análise se basear em uma janela de curto prazo, esse bom resultado é fruto de uma visão de longo prazo adotada pela Fundação. A Real Grandeza aproveitou as oportunidades que surgiram, ao longo de 2024, para montar posições em ativos oferecidos a preços atraentes, como as compras de títulos públicos atrelados ao IPCA (NTN-Bs). Adicionalmente, a melhoria contínua dos processos de seleção de gestores, com atualização do manual interno e diversificação por meio de novos fundos, também contribuíram para os resultados positivos.
Mais do que capturar movimentos de mercado pontuais, o desempenho reflete a importância de uma alocação estratégica robusta e bem estruturada, que busca equilibrar risco e retorno ao longo do tempo. Ao manter uma carteira diversificada, com exposição a diferentes classes de ativos e horizontes de investimento, a Real Grandeza reforça seu compromisso com a geração de retornos consistentes sempre de maneira prudente, com o objetivo de entregar aos participantes uma melhor situação financeira na aposentadoria.
O plano BD é um plano maduro, em que o passivo (compromisso de pagamento de benefícios de aposentadoria e pensão) assume um papel central na gestão dos ativos da carteira de investimentos.
O objetivo do Plano é garantir o pagamento dos benefícios sem a necessidade de contribuições extraordinárias. A melhor estratégia para isso é “imunizar” o Plano, por meio do casamento entre Ativo e Passivo (Cash Flow Matching). Desde 2016, a Real Grandeza avançou muito nessa imunização, saindo de um patamar de 25% de recursos “casados” com os compromissos futuros de pagamento de aposentadoria e pensões, para praticamente 80% dos ativos alocados, sendo 63% de ativos na curva (resgate somente no vencimento).
Como resultado dessa gestão conservadora, o Plano BD nunca chamou contribuição extraordinária de seus participantes e, com a nova Meta Atuarial, a ser definida para 2026, se afastará ainda mais desse risco. Neste momento, o foco da gestão está em viabilizar o completo casamento de ativos e passivos, atingindo um percentual de 100% de imunização da carteira.
Composição da Carteira
No gráfico, mostramos a composição da carteira
do Plano BD em junho de 2025.
Para o grupo de empregados ativos, o objetivo da gestão é gerar retornos reais para que o participante acumule recursos suficientes para a sua aposentadoria. Para tanto, hoje o Plano possui mais de 60% em títulos públicos federais que oferecem retorno da inflação mais juros reais. Este objetivo é atingido com mais facilidade quando há uma visão de longo prazo, permitindo a maturação dos investimentos feitos.
O ano de 2025 atesta a importância de manter uma alocação de longo prazo, menos reativa à eventos de curto prazo e mais alinhada ao objetivo maior do Plano. Os retornos elevados do primeiro semestre premiam essa visão de longo prazo. No grupo que optou pela Renda Vitalícia, assim como em um Plano BD, a melhor estratégia é fazer o casamento de Ativos e Passivos (Cash Flow Matching). Para tal, a Real Grandeza está com o projeto de segregação desta massa de participantes em andamento, o que visa implementar a estratégia de Cash Flow Matching para o Plano CD.
Composição da Carteira
No gráfico, mostramos a composição da carteira
do Plano CD em junho de 2025.
O Plano FRGPrev está passando por uma transformação no perfil de seus participantes, antes majoritariamente jovens.
Desde meados de 2024, quando houve um forte movimento de portabilidade de reservas de participantes que perderam seu vínculo com a patrocinadora Eletrobras, a Real Grandeza veio reduzindo o nível de risco do FRGPrev, para se adaptar às necessidades do novo perfil de seus participantes, que, agora, em sua maioria, estão recebendo benefícios, sempre adotando uma transição cautelosa, visando ao melhor resultado possível. Apesar da diminuição do risco, no primeiro semestre do ano o plano supero a sua meta de investimentos em aproximadamente 3%.
Composição da Carteira
No gráfico, mostramos a composição da carteira do
Plano FRG PREV, em junho de 2025.
No Futurus, tal como na parcela de ativos do Plano CD, o objetivo da gestão é gerar retornos reais para que o participante acumule recursos suficientes para a aposentadoria. Este propósito é atingido com mais facilidade quando há uma visão de longo prazo, permitindo a maturação dos investimentos feitos.
As situações vivenciadas em 2025 evidenciam a importância de manter uma alocação de longo prazo, menos reativa à eventos de curto prazo e mais alinhada ao objetivo maior do Plano. Os retornos elevados do primeiro semestre premiam essa visão de longo prazo.
No gráfico, mostramos a composição da carteira do Plano Futurus, em junho de 2025.