Boletim semestral elaborado pela Diretoria de Investimentos da Fundação Real Grandeza Ano IX - Número 21 - Setembro de 2023 (Referente ao 1o semestre de 2023)
cenário econômico e oportunidades ESTRATÉGIAS DE INVESTIMENTOS RENTABILIDADE DOS PLANOS

Inflação

questão a superar

O primeiro semestre de 2023 foi marcado pela continuidade do ciclo de aperto monetário promovido pelos bancos centrais das economias avançadas, sugerindo que os juros já surtiram algum efeito – mesmo que não completo – sobre a desaceleração dos preços. Porém, visto que os núcleos de inflação ainda se encontram em níveis desconfortáveis e aquém das metas estabelecidas, a preocupação permanece. Ainda mais quando são considerados fatores exógenos que podem ter impacto sobre os preços, assunto amplamente abordado no boletim anterior.

Especificamente no caso do Federal Reserve (FED), dos Estados Unidos, os dados não apontam para uma solução completa do problema da inflação. Por mais que, comparativamente ao ano de 2022, o ritmo de aumento dos preços tenha de fato arrefecido, a meta vigente de 2% ao ano ainda não foi alcançada. Contudo, o FED sinalizou, em sua última reunião até o fechamento deste boletim, que o ciclo de altas dos juros por hora se encerrou, ficando  entre 5,25% e 5,50% ao ano. De forma que as decisões sobre novas elevações na taxa de juros serão tomadas a cada reunião e baseadas nos dados mais recentes - um FED menos forward guidance e mais data-dependent.

 

 

 

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Já no cenário econômico nacional, o semestre foi marcado por importantes avanços de pautas econômicas em discussão no Congresso, em especial aquelas relacionadas à perspectiva de que o governo federal está comprometido com a consolidação fiscal no longo prazo

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A atitude do FED está imbuída da visão de que a economia americana vai promover o chamado soft landing, expressão usada para denotar que a política monetária será capaz de trazer a inflação para níveis próximos da meta, sem causar uma recessão econômica. De fato, os dados vindos da economia como geração de empregos e construção de casas e atividade econômica não denotam uma recessão iminente, ao passo que os núcleos inflacionários ainda não apontam para um grau de arrefecimento de todo satisfatório.

Já no cenário econômico nacional, o semestre foi marcado por importantes avanços de pautas econômicas em discussão no Congresso, em especial aquelas relacionadas à perspectiva de que o governo federal está comprometido com a consolidação fiscal no longo prazo. A consequência imediata foi a redução dos prêmios de risco espelhados nas curvas de juros e no risco país que refletiram uma aparente disposição do legislativo em dar continuidade à agenda de reformas e uma capacidade do governo de angariar base de apoio para aprová-las.

Adicionalmente, a inflação demonstrou arrefecimento no período provocado majoritariamente por pressões menores dos componentes de alimentos e energia. Fato que contribuiu para que o Banco Central iniciasse seu ciclo de corte de juros, já no início do segundo semestre. Entretanto, vale ressaltar que os núcleos inflacionários da inflação dos serviços permanecem em níveis desconfortáveis, sugerindo cautela no ciclo de aperto monetário e no acompanhamento do diferencial de taxa de juros real frente às economias avançadas.