Boletim semestral elaborado pela Diretoria de Investimentos da Fundação Real Grandeza

Ano VIII - Número 23 - março de 2025

Em 2024, o cenário macroeconômico nos Estados Unidos foi fortemente influenciado por eventos políticos, decisões do Banco Central americano (“FED”) e incerteza global. A vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais reacendeu debates sobre novas pressões inflacionárias devido a políticas de restrição à imigração e implementação de tarifas comerciais, o que poderia mudar a trajetória atual de queda de juros. Isso ocorre porque essas duas medidas possuem efeito inflacionário sobre a economia norte-americana, sendo a elevação do nível de juros um remédio para conter esse movimento. Soma-se a isso uma maior incerteza em relação ao crescimento econômico chinês e  um enfraquecimento maior da economia europeia.

 

 As expectativas para o novo governo Trump incluem políticas protecionistas que podem impactar o comércio global, incluindo setores relevantes para a economia brasileira, como o de commodities agrícolas e minerais. Esse contexto internacional gera um ambiente mais adverso para o Brasil, o que pode afetar de forma relevante os preços dos ativos.

 

 Já no cenário doméstico, o ano de 2024 foi marcado por desafios significativos, refletindo uma crise de confiança, por parte do Mercado, na política fiscal do Governo, que não conseguiu demonstrar resultados suficientes para uma trajetória de estabilização da dívida pública, o que representaria uma melhora relevante nos preços dos ativos. A consequência foi uma forte desvalorização do real, subida vertiginosa dos juros e a queda da bolsa.

 

Em resposta a uma reaceleração da inflação, o Banco Central do Brasil (BCB) deu início a um novo ciclo de alta de juros, que ao longo de 2025 deve desaquecer a economia e aumentar o custo de financiamento das empresas.

 

 Em 2025, para estabilizar o cenário dos preços dos ativos domésticos, na visão do Mercado, é necessário que sejam postas em prática medidas mais rígidas para controlar a trajetória da dívida pública brasileira e retomar a confiança do mercado.

2025, um ano que tende a ser desafiador

Os eventos mais importantes ocorridos no cenário nacional e internacional ocorridos no último semestre - relevantes para a conjuntura econômica e que embasam as estratégias de investimentos da
Real Grandeza - serão elencados a seguir.

CENÁRIO ECONÔMICO
GESTÃO DOS INVESTIMENTOS Rentabilidade dos investimentos

Data da posição: 31/12/2024

-

O ano de 2024 foi especialmente desafiador para a gestão de investimentos, tanto no Brasil, quanto no mundo. A Real Grandeza não ficou imune a esse cenário. Os Títulos Públicos Federais (ativos de Renda Fixa indexados à inflação), que representam a maior parte dos investimentos nas carteiras da Fundação, por exemplo, tiveram rentabilidade negativa de -8,6% no ano.

Um panorama preciso do mercado, em dezembro e, no ano de 2024, pode ser observado nos gráficos a seguir.

Rentabilidade Classes dez/24 (%)
Rentabilidade Classes 2024 (%)

Diante do ambiente adverso, a Real Grandeza atuou de duas formas: uma com foco no curto prazo e, outra, tendo como horizonte resultados de médio e longo prazos.

Para mitigar no curto prazo as consequências deste período ruim para ativos brasileiros, ao longo de 2024 foram implantadas estratégias de diversificação das carteiras, que funcionaram como amortecedores para a queda dos mercados:

  • Aumento da posição em Dólar, através de investimentos em renda fixa americana;
  • Investimento em novos segmentos da classe de Multimercados;
  • Investimento em Gestores de Crédito Privado atrelados ao CDI;
  • Investimento em Gestores de Fundos Imobiliários.

O maior destaque ficou na posição em Dólar, com a parte atrelada à Bolsa americana rendendo 58,26% no ano; e, a parte de Renda Fixa, investida em Títulos do Tesouro Americano, com retorno de 26,38%, desde o início das aplicações (fim de março de 2024).

Sem essas estratégias, as carteiras de investimentos ficariam ainda mais vulneráveis ao momento ruim dos ativos brasileiros, resultando em perdas mais expressivas para os participantes.

O mitigador de médio e longo prazos, ainda que menos observável, é de suma importância para o objetivo de proporcionar retornos sustentáveis para os participantes. Em momentos de estresse dos Mercados, como o atual, duas formas de atuar podem ser utilizadas:

1. Retirar grande parte do risco da carteira, investindo apenas em ativos de baixo risco como o CDI;

2. Aproveitar as oportunidades que surgem para montar posições em ativos oferecidos a preços abaixo do valor justo.

A primeira forma tende a gerar resultado no curto prazo, reduzindo potenciais perdas, entretanto, pode comprometer seriamente a rentabilidade no médio prazo. Isso porque, devido aos movimentos cíclicos do mercado financeiro, momentos de estresse normalmente são seguidos de períodos de recuperação. Assim, ao reduzir de maneira relevante o risco da carteira, o investidor fica sujeito a não se apropriar dos retornos no momento de melhora do mercado, que se move em ciclos.

Na segunda forma de atuação, há mais risco de obtenção de retornos inferiores no curto prazo. Entretanto, as projeções apontam que esse impacto será mais que compensado no médio prazo, quando o atual ciclo do mercado se reverter. O perfil de investidor de longo prazo de um Fundo de Pensão permite buscar estratégias que ofereçam mais potencial de retorno, ainda que seja necessário um tempo maior para “maturação” dos investimentos.

Com essa conduta, a Real Grandeza reafirma o compromisso de gerar retornos consistentes, sempre de maneira prudente, a fim de entregar aos participantes uma melhor situação financeira na aposentadoria.

Plano BD Em busca do objetivo, sempre 
de forma conservadora

O plano BD é um plano maduro, em que o passivo (pagamento de benefícios) assume um papel central na gestão dos ativos da carteira de investimentos.

O objetivo do Plano é garantir o pagamento dos benefícios sem a necessidade de contribuições extraordinárias. A melhor estratégia para isso é “imunizar” o Plano, por meio do casamento entre Ativo e Passivo (Cash Flow Matching). Desde 2016, a Real Grandeza avançou muito nessa imunização, saindo de um patamar de 25% de recursos “casados” com os compromissos futuros de pagamento de aposentadoria e pensões, para 80% dos ativos alocados, sendo 62% de ativos na curva (resgate somente no vencimento).

Ao longo deste ano, a Real Grandeza identificou algumas janelas de oportunidade para avançar nessa estratégia, tendo comprado mais de R$1,5 bilhão em NTN-Bs a taxas atrativas. Além disso, a entidade também se desfez de sua carteira de Fundos de Investimento em Participações (FIPs) e trocou parte das NTN-C por NTN-B.

Como resultado dessa gestão conservadora, o Plano BD nunca chamou contribuição extraordinária de seus participantes.

Composição da Carteira 
No gráfico, mostramos a composição da carteira do Plano BD em dezembro de 2024.

 

CFM - Sigla para Cash Flow Matching, que representa os ativos que são utilizados exclusivamente para o casamento com o Passivo

Caixa - Ativos indexados ao CDI, com liquidez imediata ou muito alta.

Legado - Ativos específicos com baixa representatividade, como Imóveis físicos, Empréstimos e Ativos ilíquidos.

Plano CD Diferentes soluções para diferentes grupos

Para o grupo de ativos, temos como objetivo da gestão gerar retornos reais para que o participante acumule recursos suficientes para a sua aposentadoria. Para tanto, hoje o Plano possui mais de 60% em títulos que oferecem retorno da inflação mais juros reais. Este objetivo é atingido com mais facilidade quando há uma visão de longo prazo, permitindo a maturação dos investimentos feitos.

A Real Grandeza busca sempre a preservação de capital nos momentos de estresse do mercado, sem perder de vista o retorno de longo prazo. A carteira atual, bem como o mercado em geral, passou por um ano desafiador, entretanto, a diversificação foi fundamental para amortecer os impactos sofridos.

No grupo que optou pela Renda Vitalícia, assim como em um Plano BD, a melhor estratégia é fazer o casamento de Ativos e Passivos (Cash Flow Matching). Para tal, a Real Grandeza está com o projeto de segregação desta massa de participantes em andamento, o que visa “destravar” a estratégia de Cash Flow Matching.


Composição da Carteira

No gráfico, mostramos a composição da carteira do Plano CD em dezembro de 2024.

FRGPrev Transformação de Perfil

O Plano FRGPrev está passando por uma transformação no perfil de seus participantes, antes majoritariamente mais novos.

Em resposta a esta mudança, a Real Grandeza reduzirá o nível de risco do Plano para se adaptar às necessidades deste novo perfil, sempre adotando uma transição cautelosa, visando o melhor resultado para o participante.

Composição da Carteira

No gráfico, mostramos a composição da carteira do Plano
FRGPrev, em dezembro de 2024.

Plano Futurus Composição da Carteira

No Futurus, tal como na parcela de ativos do Plano CD, temos como objetivo da gestão gerar retornos reais para que o beneficiário acumule recursos suficientes para a sua aposentadoria. Este objetivo é atingido com mais facilidade quando há uma visão de longo prazo, permitindo a maturação dos investimentos feitos.

A Real Grandeza busca sempre a preservação de capital nos momentos de estresse do mercado, sem perder de vista o retorno de longo prazo. A carteira atual, bem como o mercado em geral, passou por um ano desafiador, entretanto, a diversificação foi fundamental para amortecer os impactos sofridos.

No gráfico, mostramos a composição da carteira do Plano Futurus, em dezembro de 2024.

Renda Variável

Cenário Econômico GESTÃO DOS INVESTIMENTOS Plano BD Plano CD FRGPrev plano futurus

 

www.frg.com.br