Boletim semestral elaborado pela Diretoria de Investimentos da Fundação Real Grandeza Ano VIII - Número 19 - agosto de 2022 (Referente ao 1o semestre de 2022)
palavra 
do gestor cenário econômico e oportunidades RENTABILIDADE DOS PLANOS ESTRATÉGIAS DE INVESTIMENTOS

Inflação mundial com alta histórica sugere ameaça de recessão

A inflação atingiu níveis históricos no mundo e uma eventual recessão – ocasionada pela necessária elevação das taxas de juros em boa parte dos países – passou a ser a variável de maior preocupação para o cenário global. Se no segundo semestre do ano passado ainda não estava clara a necessidade de elevação relevante dos juros, a partir de 2022, gradativamente, as expectativas foram se ajustando nessa direção.

 

 O empenho dos governos em adotar medidas de estímulos monetários e fiscais foi amplo e em nível historicamente elevado, tanto em países mais ricos quanto nos emergentes.  O impacto de um ambiente de liquidez abundante nos preços dos ativos não pôde mais ser ignorado, começando a ser entendido como um fator gerador relevante de um choque também de demanda – e não apenas de oferta, como se supôs inicialmente. Após um longo período sem expectativa de subidas de juros, os bancos centrais iniciaram um ciclo monetário restritivo para conter o aumento dos preços.

Para conter a inflação, muitos países aumentaram taxas de juros. Mas essa ação pode resultar também em recessão, variável de maior preocupação no cenário global

l l l l l l

Na Real Grandeza, as possíveis derivadas desse fenômeno e a difícil decisão nas mãos dos Bancos Centrais foram amplamente discutidas. Se as subidas de juros nos países desenvolvidos forem muito fortes, os ativos de risco podem não tardar a sofrer de forma significativa. Porém, se a elevação for lenta e gradual, pode não ser suficiente para conter a inflação que, corroendo o poder de compra das famílias, mesmo que de forma mais lenta, pode iniciar um movimento de redução da atividade e, consequentemente, do valor dos ativos de risco. Dessa forma, o cenário, que não traria desafios no curto ou médio prazos para esse tipo de ativos, seria um arrefecimento espontâneo da inflação ou um ajuste preciso dos Bancos Centrais encontrando um meio termo que impacte a inflação da forma desejada. Assim, está em nosso radar e não podemos desprezar a probabilidade de um cenário mais difícil de curto-médio prazo para esse tipo de ativo que, tendo o longo prazo como horizonte, exerce papel relevante na carteira de investimento das Fundações para superação das metas atuariais.

 

Nessa linha, apesar de a renda variável brasileira seguir com uma relação retorno-risco interessante, dado tudo o que foi comentado e a crescente atratividade das NTNB’s, optamos após grande debate interno por ficar taticamente sobrealocado nesse último, enquanto, em Renda Variável, nos mantivemos bem próximos da alocação estratégica. Esse posicionamento deve se manter ao longo do segundo semestre.

 

Adicionalmente, na gestão de investimentos, o binômio retorno e risco deve estar sempre presente na discussão e, na alocação dos recursos, a diversificação tem papel chave.  Mais ainda no caso dos investidores de longo prazo, como é a Real Grandeza. Com a aprovação do novo manual de seleção de fundos/gestoras terceirizadas, conseguiremos promover maior diversificação dos investimentos, tão desejada e necessária. Já aprovamos instrumentos para alocação em Renda Variável no Exterior e estamos na fase final do processo de Multimercados.

 

l l l

Para conter a inflação, muitos países aumentaram taxas de juros. Mas essa ação pode resultar também em recessão, variável de maior preocupação no cenário global

l l l

Nesse contexto, tivemos uma rentabilidade no ano (até jun/2022) de 5,5% e 2,0% nos Planos BD e CD, respectivamente, abaixo das metas atuariais, devido, principalmente, a um cenário desafiador de inflação, tanto do INPC quanto do IGP-DI.

Prospectivamente, a Diretoria de Investimentos mantém a visão de longo prazo e a busca pela diversificação e por perseguir a carteira estratégica. Além disso, segue cautelosa e atenta a potenciais consequências negativas da alta generalizada da inflação no Brasil e no exterior, bem como a possíveis turbulências eleitorais em 2022. Atualmente, esses fatores já estão – em maior ou menor escala – influenciando no preço dos ativos relacionados ao mercado brasileiro e mundial e não devem cessar. A forma como esses fatores e os preços dos ativos vão evoluir deve influenciar nas tomadas de decisão ao longo do segundo semestre de 2022 de modo a buscar o melhor equilíbrio de retorno e risco para os planos administrados pela Real Grandeza.