A pandemia continua sendo a variável de maior preocupação para os cenários global e doméstico. O empenho dos governos em adotar medidas de estímulos monetários e fiscais foi amplo e em nível historicamente elevado, tanto em países avançados quanto nos emergentes. No Brasil, a tentativa de estimular a economia levou o Banco Central a fixar a taxa básica de juros da economia (a Taxa Selic) em um nível histórico de 2,0% a.a., algo sem precedentes desde a implantação do regime de metas de inflação em 1999, e bem abaixo das taxas de dois dígitos comumente observadas no passado.
Na Real Grandeza, temos discutido os impactos ainda incertos dessas políticas que, em algum grau, devem ser retiradas gradualmente. No caso brasileiro, por exemplo, o Banco Central já indicou um processo de normalização da Selic, com uma sequência de altas sucessivas e, nesse balanço de riscos e possíveis impactos de curto prazo, não podemos desprezar os riscos inflacionários que justificam esse movimento. Além disso, devemos avaliar e discutir o grau de impacto desse movimento na produtividade, no longo prazo.
Para a gestão de investimentos, o binômio retorno e risco está sempre presente e, na alocação dos recursos, a diversificação é a estratégia que deve ser preponderante, sobretudo no caso investidores de longo prazo, como a Real Grandeza. Com a revisão anual da política de investimentos, aproveitamos a oportunidade do cenário positivo no primeiro semestre para ajustar a alocação atual em direção à carteira estratégica no plano CD, vendendo uma parte da posição de renda fixa para compra de renda variável. Além disso, trocamos parte da carteira própria de ações por ETFs (Exchange Traded Funds) – que que são fundos de índices – e estamos na fase final de aprovação de um novo manual de seleção de fundos/gestoras terceirizadas que permitirá essa maior diversificação e a ampliação do escopo de atuação da equipe.
Nesse contexto, tivemos uma rentabilidade no semestre de 5,98% e 2,16% nos Planos BD e CD, respectivamente, ainda abaixo das metas atuariais, devido, principalmente, a um cenário desafiador de inflação, especialmente pela expressiva alta do IGP-DI, que é o indexador da meta do Plano CD.
Prospectivamente, a Diretoria de Investimentos mantém o cenário de que, com o processo gradual de redução de medidas restritivas decorrentes da pandemia, a retomada da atividade deverá contribuir para a melhoria do desempenho dos ativos de maior risco. Acresce, ainda, que o ritmo de vacinação no país tem ocorrido em velocidade superior ao inicialmente contemplado no cenário de mercado e a possível continuidade das reformas, assim como a surpresa positiva com a melhora, no curto prazo, no panorama fiscal do país, são indicadores que trouxeram certo otimismo. Por outro lado, seguimos cautelosos e atentos a potenciais turbulências eleitorais em 2022, e riscos relacionados às questões hídricas, de teto de gastos e de uma possível alta generalizada de inflação no Brasil e no mundo. Esses fatores já estão atualmente - em maior ou menor escala - influenciando no preço dos ativos relacionados ao mercado brasileiro e não devem cessar. Assim, a forma como esses fatores e os preços dos ativos vão evoluir deve influenciar nas nossas tomadas de decisão ao longo do 2º semestre de 2021, de modo a buscar o melhor equilíbrio de retorno e risco para os planos administrados pela Real Grandeza.