O 1º semestre de 2018 foi caracterizado por duas fases distintas. A primeira compreende os meses iniciais do ano, na qual prevaleceu uma visão mais otimista em relação à economia brasileira, que se refletiu até mesmo em certa euforia nos mercados de ativos. As expectativas de inflação se mantiveram consistentemente abaixo da meta do Conselho Monetário Nacional para todo o horizonte de projeção. As projeções para a atividade econômica, que estavam um pouco contaminadas pelo desempenho do último trimestre de 2017, apontavam uma expressiva recuperação do PIB até o fim de 2018. A mediana das estimativas do mercado para o crescimento do PIB em 2018, ao fim do terceiro trimestre, era de 2,8%, mas havia projeções bem mais otimistas, de 4,1%.
No cenário externo, o ambiente era benéfico para a economia brasileira, como destacado nos documentos do Banco Central, o que viabilizou a redução da Taxa Selic para 6,5%. Com isso, a bolsa subiu 12,7% entre janeiro e abril. As taxas dos títulos públicos de longo prazo (NTNB-2055) recuaram e chegaram a ser negociadas a 5,06% no início do ano, com o otimismo em relação à economia brasileira e, principalmente, com as condições favoráveis no cenário externo.
A partir de abril, em razão da mudança de rumo no cenário internacional, de alguns sinais de enfraquecimento da atividade econômica, da paralisação dos serviços de carga rodoviária e dos problemas com o abastecimento de combustíveis, ocorreu uma interrupção no cenário positivo vivenciado no início do ano. No cenário externo, a alta da taxa de juros americana, ocorrida em março, para o patamar compreendido entre 1,5% e 1,75%, e, posteriormente, a elevação em junho, para o nível compreendido entre 1,75% e 2,0%, indicaram que as condições de liquidez extremamente favoráveis no cenário externo estavam em processo de reversão.
No Brasil, o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) interrompeu o ciclo de redução da Taxa Selic na reunião de maio. Nos mercados, a piora em relação à percepção do risco Brasil aumentaram os prêmios embutidos na curva de juros e alguns economistas passaram a estimar um possível aumento da Taxa Selic no curto prazo.
As taxas dos títulos públicos de longo prazo também subiram. A NTNB-2050 chegou a ser negociada a 5,99%. Além disso, a preocupação com a recuperação da atividade econômica voltou aos mercados e a mediana das estimativas para o crescimento do PIB neste ano recuou para 1,55% ao fim do primeiro semestre. Neste ambiente de taxas de juros mais altas, baixa confiança em relação à atividade econômica e piora do ambiente externo, a bolsa caiu 15,5% entre o final de abril e junho, retornando para um nível mais baixo que o do encerramento de 2017.