Macroalocação e Carteira Estratégica
O propósito da gestão de investimentos é gerar retornos suficientes sobre as reservas do fundo para pagar, além dos custos, os benefícios previdenciários dos participantes. Isso envolve estabelecer objetivos, desenvolver estratégias e administrar uma carteira de investimentos levando em conta as condições econômicas, as tendências de mercado e as características de cada plano.
Uma forma – possivelmente a melhor – de atingir tal objetivo é através da Estratégia de Macroalocação1. Nela é perseguida uma Carteira Estratégica que define a distribuição dos investimentos entre as classes de ativos e maximiza as chances de atingir os objetivos de longo prazo da Fundação, sendo atualizada anualmente pelas Políticas de Investimentos.
1As Políticas de Investimento 2023-2028 apresentam o anexo “Filosofia de Investimentos” que explica em mais detalhes a importância da estratégia de macroalocação para a gestão dos recursos na Real Grandeza.
No contexto de finanças, a máxima “Não existe almoço grátis” é utilizada para explicar que decisões sempre envolvem trade-offs. Entretanto, H. Markowitz2 mostrou que a diversificação apresenta o único almoço grátis em finanças pois, para um mesmo nível de retorno, o portfólio diversificado apresenta um risco menor que o concentrado em poucos ativos.
Em outras palavras, o gestor não deve “colocar todos os ovos na mesma cesta”, mas sempre buscar a diversificação.
Nos planos de contribuição definida e contribuição variável, a Real Grandeza segue a estratégia de macroalocação e busca a diversificação como principal ferramenta de preservação de capital dos participantes.
Nesse primeiro semestre de 2023, foi possível avançar de maneira importante na diversificação do Plano CD, que terminou o semestre com uma carteira mais equilibrada em relação ao fim do ano passado, por exemplo, com aportes em novas estratégias como fundos multimercados e na bolsa americana com exposição cambial.
Alocação por classe regulatória em 30/12/2022 (esq.) em comparação com 30/06/2023 (dir.).
No entanto, ainda há trabalho a fazer. Os planos mais “jovens” da Fundação – o FRGPrev e o Futurus – tiveram excelente desempenho no ano. No entanto, o desafio de diversificar é maior para planos de menor porte. Ainda é preciso avançar nesse sentido e, para isso, já está sendo implementado um novo modelo operacional (“plug&play”) que facilita a diversificação e o rebalanceamento da macroalocação.
2MARKOWITZ, Harry. Portfolio selection, Journal of Finance, v. 7, n. 1, p. 77-91, 1952.
O plano BD é um plano maduro em que o passivo assume um papel central na gestão dos ativos da carteira de investimentos. Apesar de possuir uma carteira estratégica construída por meio de um modelo de ALM3, que busca maximizar a solvência do plano, por outro lado, em algumas conjunturas favoráveis de mercado, a estratégia de Cash Flow Matching4 pode se tornar uma alternativa superior à da macroalocação.
No primeiro semestre do ano, foi observada uma janela de oportunidade para investir em títulos públicos indexados à inflação, pagando taxas bastante atrativas, acima da meta atuarial. Foi importante aproveitar essa oportunidade e avançar na estratégia de Cash Flow Matching, que passou de 40% para 50% do Plano BD. Esse movimento contribui para a melhoria da solvência do plano e ajuda a garantir os pagamentos futuros dos beneficiários.
3Asset Liability Management (ALM) é o processo de gerenciar o uso de ativos e fluxos de caixa para reduzir o risco de perda da empresa por não pagar um passivo a tempo.
4Cash Flow Matching (CFM) é uma estratégia que faz uso dos fluxos de caixa de pagamentos de principal e cupom em vários títulos que são escolhidos para que o fluxo de caixa total corresponda exatamente aos valores do passivo.