Muito tem se falado sobre a retomada do crescimento da atividade econômica. Em 2017, a produção industrial cresceu 2,5%, após três anos consecutivos em queda, a taxa de desemprego recuou do pior nível em março (13,7%) para 11,8% no final do ano e as vendas no comércio varejista cresceram 2,0%. Mas o que dizer do mercado imobiliário, tão duramente afetado pela crise econômica brasileira? Já é possível vislumbrar algum sinal de que a recuperação está próxima? Segundo o índice IVG-R¹ do Banco Central, o preço médio dos imóveis recuou 2,1% em 2017. Esta queda é reflexo da retração dos compradores, afetados pelos juros altos, pelo elevado nível de endividamento das famílias e pelo desemprego.
A expectativa dos agentes de mercado do setor para 2018 é um pouco melhor. O índice de confiança da construção da FGV subiu 1,5 ponto percentual, em janeiro de 2018, para o maior nível desde janeiro de 2015, indicando que o empresário do setor está mais otimista em relação à recuperação do mercado imobiliário. O prognóstico mais favorável para o setor está fundamentando nos sinais de melhora do mercado de trabalho e na perspectiva de crescimento do crédito imobiliário com taxas de juros mais baixas. Vale citar que com a queda da taxa Selic, a aplicação em caderneta de poupança ganhou atratividade. Segundo dados do Banco Central, em 2017, o saldo dos depósitos de poupança cresceu 7,5%. Em 2016, tinha ficado praticamente estável e em 2015 havia encolhido.
O crescimento dos depósitos de poupança é um bom indicativo de que poderá ocorrer um novo ciclo de expansão do financiamento imobiliário, pois 65% dos recursos captados pelos bancos nesta modalidade devem ser direcionados para financiar a compra de imóveis. Além disso, este é um tipo de crédito de baixo risco que tem atraído o interesse de alguns bancos privados, tendo sido verificada queda nos juros praticados por algumas dessas instituições, com o objetivo de atrair clientes. Assim sendo, com a melhora dos fatores condicionantes do crescimento do mercado imobiliário (recuperação do emprego, expansão do crédito e redução do custo dos financiamentos) a mudança de humor do empresário do setor é justificável. No entanto, o momento ainda não é de euforia, pois a oferta de imóveis novos e usados ainda é alta. Portanto, não parece muito provável que a recuperação neste mercado seja rápida, mas se a economia continuar em recuperação, há chances de que a janela de oportunidade para aquisição de imóveis residenciais a preços muito baixos possa ser fechada até o final deste ano.
¹ Consultar o Box decifrando o economês.
O crescimento dos depósitos de poupança é um bom indicativo de que poderá ocorrer um novo ciclo de expansão do financiamento imobiliário, pois 65% dos recursos captados pelos bancos nesta modalidade devem ser direcionados para financiar a compra de imóveis
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IVG-R - Índice de Valores de Garantia de Imóveis Residenciais Financiados. É calculado com dados das operações de financiamento imobiliário para pessoas físicas, em que a garantia é composta de alienação fiduciária de imóveis residenciais ou hipoteca imobiliária. A construção do indicador é baseada no valor de avaliação de cada imóvel realizada pelo banco no momento da concessão do crédito.
O que você precisa saber antes de pegar um novo empréstimo ou financiamento
Antes de cair em uma armadilha e comprometer seu equilíbrio financeiro, é importante avaliar se é hora de contrair novo compromisso financeiro e quais os motivos que o levarão a tomar essa decisão. De acordo com Daniel Kahneman, especialista em finanças comportamentais e ganhador do Prêmio Nobel de Economia, os indivíduos sofrem com o excesso de confiança em relação às suas crenças, o que pode levá-los à decisões erradas em relação aos seus investimentos. A mesma lógica se aplica também à tomada de decisão em relação a contratação de financiamentos e empréstimos. As facilidades para obtenção do empréstimo e a queda da taxa de juros não podem ser as únicas variáveis levadas em consideração. Antes de decidir fazer um novo empréstimo, é importante considerar os seguintes aspectos:
Você já possui despesas financeiras com empréstimos, financiamentos, compras a prazo ou cartão de crédito? Neste caso, é importante avaliar o quanto essas despesas comprometem a sua renda mensal e qual será o impacto do novo empréstimo. Se essas despesas que você já tem estão pesando no seu orçamento, o momento não é ideal para contratar novo empréstimo, ainda que as condições de mercado atuais possam parecer boas. Pode valer a pena, no entanto, trocar sua dívida atual por outra, cujo custo efetivo total seja mais baixo.
Avalie qual o percentual da sua renda mensal está realmente disponível, isto é, quanto sobra depois de pagar todas as contas. É importante saber se terá condições de honrar os compromissos financeiros decorrentes da contratação do empréstimo até o seu vencimento. Além disso, tome cuidado para que as suas despesas totais com prestações de empréstimos, financiamentos e parcelamentos não ultrapassem 30% da sua renda mensal habitual, a fim de não comprometer sua saúde financeira.
Só contrate um empréstimo novo se estiver muito certo de que o motivo é suficientemente importante para justificar o pagamento dos encargos financeiros e depois de considerar se você pode esperar e juntar dinheiro para ter o que quer no futuro, sem precisar pagar juros.
Informe-se bem sobre todas as despesas que terá. Em uma operação de crédito, você não paga apenas a taxa de juros. Sua prestação, além da amortização do principal e dos juros, pode incluir impostos, como o IOF, tarifas, seguros e outros custos.
Por fim, alertamos que empréstimos não são solução para as situações em que a renda familiar não comporta o pagamento de todas as despesas habituais. Ao contrário, pode até agravar a situação. Nesses casos, é necessário rever o orçamento, cortar despesas e buscar formas de incrementar a renda.
Se depois de avaliar bem todos esses aspectos, você decidir que o melhor é contratar um empréstimo ou financiamento, siga adiante, mas sempre com cuidado. Isto tem um custo a ser pago, por isso, não deve ser um problema para você, mas tem que trazer benefícios para sua vida.
Empréstimo é um contrato entre o cliente e a instituição financeira, mediante o qual ele recebe um valor que deverá ser devolvido em prazo determinado, acrescido de juros. Os recursos concedidos via empréstimo não têm destinação específica. O financiamento também é um contrato entre o cliente e a instituição financeira mas, nesse caso, os recursos tem destinação específica, como a aquisição de um imóvel ou veículo. No financiamento, o cliente pode ter que dar garantia, que em geral é o próprio bem financiado.